quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Intubação orotraqueal

Técnica de intubação orotraqueal

01. Ventilar e oxigenar o paciente com Ambú/máscara conectado a uma fonte de O2 a 15 l/m. Certificar-se que um aspirador rígido estará prontamente disponível caso seja necessário.

02. Testar o balonete do tubo traqueal.

03. Um assistente deve imobilizar manualmente o pescoço e a cabeça, que não devem ser movimentados sob nenhuma hipótese durante o procedimento.

04. Segurar o laringoscópio com a mão esquerda.

05. Inserir o laringoscópio no lado direito da boca do paciente, deslocando a língua para a esquerda.

06. Examinar a glote e:

- Utilizando lâmina curva, a extremidade distal da mesma deve avançar até a valécula quando então todo conjunto do laringoscópio será tracionado para cima, sem alavanca. Este movimento levantará a epiglote expondo as cordas vocais.
- Utilizando lâmina reta, a extremidade distal da mesma deve avançar diretamente até a epiglote que será levantada pela lâmina, sem alavanca, expondo as cordas vocais.

07. Inserir delicadamente o tubo na traqueia sem aplicar pressão sobre os dentes e as partes moles da boca.

08. Insuflar o balonete do tubo com volume de ar suficiente para conseguir uma vedação adequada. Não hiperinsufle o balonete.

09. Observar visualmente a expansão pulmonar com a ventilação.

10. Auscultar o tórax e o abdome com estetoscópio para conferir a posição do tubo.

11. Fixar o tubo. Se o paciente for transportado, a posição do tubo deve ser reavaliada.

Se a intubação endotraqueal não for conseguida num prazo de 30 segundos, ou no tempo que o médico que executa o procedimento consegue manter-se sem respirar, interromper a tentativa e ventilar o paciente com ambu e máscara antes de tentar novamente.



Clique aqui para ver o vídeo .

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Knesio Tape


Quem gosta de esporte já deve ter visto alguns atletas com algumas umas fitas adesivas coloridas coladas diretamente no corpo durante as competições. Pelo menos os atletas do vôlei, atletismo e tênis viraram adeptos dessa novidade. Trata-se de bandagens elásticas, coloridas ou não, conhecidas por Kinésio Taping. Mas, para que servem essas bandagens?


Alguns meios de comunicação falaram de forma errônea sobre as bandagens. Já ouvi até quem dissesse que as fitas eram esparadrapos e que cada cor teria uma função diferente. Tudo mentira. As cores não interferem ou diferem no tratamento através da bandagem. 

O Kinésio Taping é uma técnica usada no oriente há alguns anos e agora chegou ao ocidente. Estas bandagens são utilizadas como um adendo à reabilitação de atletas e na fisioterapia. Além disso, as bandagens também podem ser usadas no tratamento das desordens funcionais e na redução de edemas. 

A terapia através das bandagens elásticas é feita a partir de faixas elásticas adesivas com o objetivo de dar apoio ou suporte externo aos músculos, sem limitar a ação dos mesmos. Através dela conseguimos relaxar uma musculatura tensa, conseguimos também tencionar uma musculatura relaxada e diminuir a dor através da reposição de uma articulação. 

O método não consiste em simplesmente "aplicar" as bandagens. Para aplicar é necessário fazer um trabalho conjunto (terapeuta e atleta) para iniciar corretamente o tratamento mais adequado.  

Em atletas de corrida, por exemplo, o uso das bandagens elásticas é de suma importância principalmente após os treinos. Isto, porque as bandagens aplicadas corretamente servem para relaxar os músculos do membro inferior. 

Além disso, também é possível usar a bandagem para aplicar uma técnica de dilatação nasal que melhora a respiração durante a corrida, além de outras funções que variam de acordo com a necessidade pessoal de cada atleta.  

Vale lembrar que o atleta pode competir e treinar com a bandagem aplicada ao corpo. Ela consegue ter aderência e eficácia por até quatro dias e não é necessário removê-la para tomar banho. As fitas também não possuem nenhuma substância química, ao contrário de algumas bandagens já conhecidas no Brasil. A eficácia do Kinésio Taping está na forma como é colocada.  

Sobre as cores, parece que o jogador de futebol David Beckham apareceu com uma bandagem rosa durante um treino. Mas como disse anteriormente, as cores não influenciam no tratamento. É uma questão de gosto. Porém, para os orientais, por causa da cromoterapia, cada pessoa deve usar um tipo de cor específica.  

terça-feira, 2 de abril de 2013

DVE

Saiba como avaliar e tratar um paciente portador de DEV:
Programa fisioterapêutico: 


Diariamente, o pacientes deverá passar de três a cinco períodos com seu fisioterapeuta:

1) Sessão individual para exercitar os membros atingidos

(alongamentos), manter articulações livres (mobilização), treino de equilíbrio na posição sentada.

2) Uma classe de ginástica, na qual o paciente aprende a mover novamente o corpo.

3) Um período de exercícios de resistência para fortalecimento muscular.

4) Uma classe ambulante, para treinar a marcha.

5) Atividades de classe de vida diária, na qual ele aprende a mexer-se, deitar-se, levantar-se...

O que ocorre bastante e é difícil de aceitar pelo paciente e também pela família, é a lentidão do processo. É claro que o tempo e o grau de desempenho está relacionado com o grau do AVC, com a personalidade do paciente, a presença e a gravidade de depressão e muitos outros fatores que podem ser descritos como reabilitação física.

Mas a reabilitação total significa mais do que independência de andar e cuidar de si. Significa a retomada pelo paciente do gosto e do desejo de viver.


12.2- REABILITAÇÃO

Durante o início da recuperação objetivamos principalmente:

- minimizar os efeitos das anormalidades de tônus;

- manter uma ADM normal e impedir deformidades;

- melhorar as funções respiratórias e motoras;

- mobilizar o paciente nas atividades funcionais iniciais envolvendo
mobilidade no leito, o ato de sentar, transferências...;

- impedir o descondicionamento;

- promover a conscientização corporal, movimentação ativa e uso do
lado hemi;

- melhorar controle de tronco e equilíbrio na posição sentada;

- iniciar as atividades de cuidados pessoais.

A reabilitação consiste na aplicação de um programa planejado, através do qual a pessoa incapacitada, ou convalescente, mantém ou progride para o maior grau de independência física e psíquica de que é capaz. Para entender em que consistem as medidas de reabilitação do paciente hemiplégico, é preciso, compreender o que aconteceu com ele em termos da deficiência física que ele pode ser obrigado a enfrentar. E se quisermos compreender a deficiência física causada pelo AVC, assim como a melhor maneira de ajudar o paciente, teremos primeiramente de entender alguns fatos simples a respeito dos movimentos e do movimento voluntário normal de que goza o ser humano saudável, sem mesmo dar-se conta.

O homem não nasce com movimentos controlados, mas sim com o que chamamos de movimentos reflexos primitivos. Durante os primeiros meses de vida, ele vai desenvolvendo o seu controle motor. Exercita os seus reflexos primitivos até que os mesmos se tornem parte da postura controlada e dos movimentos voluntários. Em outras palavras, ele atravessa progressivamente as etapas do movimento reflexo, do controle da postura e do movimento voluntário, e das habilidades específicas. Aprendeu a marcha ereta, desenvolveu movimentos de precisão e aprendeu movimentos especializados que preserva por toda a vida.

Os reflexos básicos, que ele aproveitou como pedras fundamentais, sobre as quais se baseiam os seus movimentos controlados, ainda existem, integrados dentro do seu controle postural. Alguns destes reflexos, ou seja, aqueles que o mantém ereto contra a ação da gravidade, dominam sobre os demais, porém isto não tem importância: o seu cérebro está exercendo o controle e ele domina o seu corpo. Infelizmente, depois de um AVC, o cérebro perde o controle e o homem deixa de dominar seu próprio corpo. Esta realidade devastadora atinge-o como um raio caído do céu azul; é este o primeiro fato amargo que ele precisa enfrentar. Ele precisa aceitar o fato de depender de ajuda, sob muitos pontos de vista do seu corpo já não lhe obedece, falta-lhe o equilíbrio; os movimentos normais já não são possíveis no lado afetado, e, sob alguns aspectos, ele é tão dependente da ajuda de outrem quanto uma criança recém-nascida. Não é capaz sequer de ir sozinho ao sanitário; precisa ser levado até lá, e assistido como uma criança pequena.

No lactente os padrões motores e posições adotadas no desenvolvimento motor seguem uma ordem. Neste processo, os movimentos controlados do pescoço e dos ombros precedem o controle dos cotovelos e, finalmente, das mãos; os movimentos controlados do tronco e dos quadris precedem aqueles dos joelhos e pés. A solicitação do peso corporal tem importância fundamental para o desenvolvimento dos movimentos controlados.

É preciso que o lactente se apoie sobre os antebraços, passando daí a apoiar-se sobre os joelhos e sobre as mãos, conforme os padrões normais de engatinhamento, que ele adota ao atravessar as diversas etapas do seu desenvolvimento motor. Sem esta capacidade de apoio do próprio peso, ele não conseguiria progredir e não alcançaria a sua meta, isto é, a postura controlada e os movimentos coordenados.

Em outras palavras, o desenvolvimento se dá da cabeça aos pés, ou seja, no padrão de desenvolvimento simples que se observa no lactente, os reflexos primitivos são dos lábios e língua em direção aos músculos dos olhos, do pescoço, do ombro, dos braços, mãos, dedos, tronco, perna e pés, sendo que as respostas reflexas primitivas acabam sendo substituídas pelos movimentos voluntários, e pela postura controlada. Podemos também dizer que os movimentos primitivos se transformam em movimentos automáticos e, finalmente, em movimentos deliberados ou voluntários. Nos estágios finais do desenvolvimento motor plenamente coordenado vemos que os movimentos se iniciam pela mão e pelo pé: ao invés de seguirem os movimentos iniciados pelo ombro e pelo quadril, respectivamente, a mão ou o pé dão início ao movimento, sendo que a mão em particular, toma a liderança dos movimentos coordenados, funcionais e hábeis.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Artigo da revista isto é...


O dramático diagnóstico da ELA

A doença da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) assusta o mundo pela avassaladora destruição do organismo em poucos anos e a comunidade científica se mobiliza para buscar sua cura
Rachel Costa
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"De repente, tudo caía das minhas mãos”Guia de Ogum no pescoço e na constante companhia da irmã Cibele e da mãe, Nice, assim vive o professor paulista Edgard José
de Oliveira, 50 anos. Ele apenas balbucia palavras. Com supremo esforço e numa prova de superação, deu o seguinte depoimento:
“Foi tudo muito rápido. Senti o primeiro sintoma quando fui nadar e não consegui juntar os dedos da mão esquerda. Alguns meses depois tive dificuldades para mover o braço. O terrível diagnóstico demorou dois anos e meio, mas eu já estava de certa forma preparado para a ELA, sabia que podia ser esse o meu problema. A forma como a paralisia se espalhou pelo corpo foi assustadora. De repente não conseguia mais escrever e todo objeto que tentava segurar caía das minhas mãos. Veio a cadeira de rodas. Aprendi a me adaptar às mudanças. Hoje sei que a ELA pode até me matar, mas vai ter de brigar muito. Sou chato com a doença”.
Ela, a morte, se faz anunciar nas mais diversas enfermidades em diferentes graus de sofrimento. Ela, a morte, se faz anunciar da forma mais devastadora e no grau mais arrasador quando a doença se chama Esclerose Lateral Amiotrófica – que numa terrível coincidência tem por sigla justamente a palavra ELA. Pacientes e médicos gelam diante de tal diagnóstico, inaceitável porque ele aponta para um único prognóstico: a morte inexorável e por demais sofrida. Assim, receber a notícia de ser portador de ELA é receber nas mãos, sem apelação a Deus ou à ciência, uma sentença de morte. Ao doente, primeiro vai-lhe faltar força muscular para os movimentos mais simples: segurar uma caneta, fechar um zíper, apertar a válvula sanitária, abraçar um filho. Antes disso, ou logo depois dessas manifestações, podem ocorrer também quedas do nada – está-se andando e, de repente, desaba-se. Em poucos meses, a ELA evolui à paulatina e desesperante perda da fala, e ocorresse essa perda abruptamente seria menos chocante do que acontecer por etapas: dificuldade de pronunciar algumas palavras, depois um balbuciar, na sequência um emitir de grunhidos, finalmente a ausência de qualquer som e do mexer dos lábios – com muita saliva escorrendo pelo queixo. Aí vem a impossibilidade de andar, a cabeça insustentável para um pescoço que parece feito de mola, restando ao enfermo somente o movimento dos olhos – com o corpo paralisado, são eles, os olhos, que se tornam mais vivos e inquietos, até porque é através deles que o doente tenta expressar o que lhe vai pela mente. E como fica o cérebro em tudo isso? Como o condenado à morte que caminha lúcido para o patíbulo, o portador de ELA mantém-se com o raciocínio claro. Ele sabe tudo o que está acontecendo porque somente os neurônios que comandam nervos e movimentos se degeneram.
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Imóvel na cama. Pouco consegue piscar. Mal fala. Respira por aparelhos e se alimenta através de sonda. O paulista Maurílio Pereira, 52 anos, adorava sentir o sabor dos alimentos. Com a perda da capacidade de deglutição, abateu-lhe a depressão: “A última coisa que comi foi uma musse de maracujá. Há dois meses não consigo mais engolir nem a saliva. Desde que começaram os problemas mais sérios de deglutição, também está mais difícil conversar. Quem me dá forças para seguir é minha mulher, a Cida. Estamos casados há 27 anos e ela me motiva a continuar vivendo. Com o tempo, estou mudando o modo como enxergo a ELA: antes a expectativa pela descoberta da cura era maior. Agora, embora não tenha exatamente aceitado a doença, estamos aprendendo a conviver com ela. Dei a mim uma nova função: dar conforto às pessoas e lhes mostrar que elas devem ser felizes, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo.”
Falou-se em caminhar rumo ao patíbulo. Pois bem, esse trajeto dura em média de três a cinco anos (a partir dos primeiros sintomas) quando então todos os músculos do corpo se petrificam e ela, a morte, finalmente vem sob a forma de parada respiratória. Hoje há no Brasil cerca de 14 mil pessoas vivendo esse drama e, no mundo, são aproximadamente 400 mil os que desenvolveram a doença. “Falar a um indivíduo que ele tem ELA é terrível, pois pouco temos a fazer diante da rápida progressão da enfermidade”, diz o pesquisador americano Walter Bradley, da Universidade de Miami, nos EUA.
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Sabe-se que a Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa causada pela morte dos neurônios motores, os responsáveis pelo comando da musculatura esquelética. O que não se sabe, porém, é quando a medicina chegará à cura. Hoje, trata-se a doença com intervenções que pretendem diminuir o o desconforto do paciente. Nessa direção há, por exemplo, fisioterapias, uma vez que sem elas o corpo definha ainda mais rapidamente. No campo dos remédios, existe uma substância que tenta proteger os neurônios, o riluzol, cuja eficácia pode ser comparada à de tentarmos nos aquecer vestindo uma camiseta de manga curta sob uma temperatura de 30 graus negativos. Essa carência de remédios leva à seguinte situação: ao contrário de outras doenças graves para as quais se prescrevem medicamentos pelo seu efeito principal, no caso de ELA a medicina se vale dos efeitos colaterais e indesejados. Por exemplo: antidepressivos que secam a boca são úteis porque inibem a excessiva salivação. Quase nada mais tem-se a fazer, a não ser interromper todos os procedimentos quando a morte já se prepara, mesmo, para deitar-se com o enfermo. Cessam-se as intervenções, aplica-se teoricamente o conceito de morte digna e, praticamente, a sedação endovenosa.
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Em 10 de janeiro de 2010 veio o diagnóstico fatal: Esclerose Lateral Amiotrófica. Desde então o artista plástico de São Paulo José Carlos Alface, 55 anos, trava uma luta infernal contra a gradual paralisia. “Entrei em desespero quando soube que tinha a doença. A sensação que me invadiu após o diagnóstico foi a de ter ganhado uma loteria ao contrário: entre milhares de pessoas, eu fui o escolhido para ter ELA, para perder meus movimentos e conviver com a morte. Meu pescoço está frágil, o que me obriga a usar um apoio para a cabeça enquanto pinto. Não gosto de pensar no que vem pela frente: cadeira de rodas, cama, imobilidade total, morte. Vivo cada dia como se fosse o último.”
A doença demanda médicos bem qualificados (são muitas as comorbidades, sobretudo infecções), nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, enfermeiros noite e dia, equipamentos de respiração e ventilação dos pulmões, programas especiais de computador que ajudem na comunicação. A rotina de todos, doente e cuidador, é estafante: a vida social acaba, o repouso noturno é trocado pela vigília constante, surgem momentos de profunda depressão. Mas, como em tudo na vida, é nos momentos em que ela parece mais frágil que o desânimo dá lugar a lampejos de esperança. “O paciente se entristece, mas tira forças de quem está ao seu lado”, diz a psicóloga Vânia de Castro, do Setor de Investigação em Doenças Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), referência no tratamento de ELA no Brasil.
“Temos uma oferta mínima de profissionais capacitados”, diz Sílvia Tortorella, diretora do Instituto Paulo Gontijo, uma das instituições brasileiras que financiam pesquisas sobre a moléstia. “Há uma complicação imensa para a realização do diagnóstico.” Em geral, o indivíduo peregrina um ano de consultório em consultório, de laboratório em laboratório, até que a doença seja identificada em diagnóstico por exclusão: quando não se comprova nenhuma outra possibilidade, é porque de fato é ELA. “É muito tempo, principalmente se considerarmos que o período de vida médio é de três a cinco anos”, diz o professor de neurologia Acary Souza Bulle Oliveira, responsável pelo centro de referência da Unifesp. Contam para essa demora diversos fatores. Para começar, poucos médicos conhecem bem a doença. Depois, há escassez de recursos tecnológicos apurados. Para fazer exames pelo SUS (eletroneuromiografia é crucial) o doente tem de esperar cerca de um ano. Há mais dificuldades. O serviço de fisioterapia em casa, essencial quando a paralisia se agrava, não é oferecido pela rede pública e são poucos os planos de saúde que o contemplam. Na verdade, na busca por mais direitos, os pacientes travam uma batalha desigual. A representá-los existe a Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica, que faz o que pode mas não tem força política. Já em Brasília não há sequer um parlamentar que brigue por esses doentes.
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Fontes: Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (Abrela); Manuais de Exercícios Domiciliares para Pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (Ed. Manole: 2001); Cristina Salvioni, nutricionista do ambulatório de ELA da Unifesp; Simone Gonçalves, fisioterapeuta respiratória do ambulatório de ELA da Unifesp; Acary Souza Bulle Oliveira, médico responsável pelo setor de investigação em doenças neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Francisco Rotta, médico especialista em neurofisiologia clínica e neurologia
Assim como ocorreu com o câncer e a Aids – enfermidades cujos diagnósticos representavam a morte e que hoje são, na maioria dos casos, controláveis –, o que se espera é que a ciência também golpeie a Esclerose Lateral Amiotrófica. Tanto é assim que, desde 1869, quando o médico francês Jean Charcot descreveu pela primeira vez as características essenciais da doença, avançou-se no conhecimento. Disseca-se aqui o nome desse mal: esclerose (endurecimento), lateral (porque começa por um dos lados do corpo), amiotrófica (porque atrofia os nervos). “Em 1990 conhecíamos seis processos envolvidos no seu desenvolvimento”, diz o médico Francisco Rotta, da Academia Brasileira de Neurologia. “Hoje conhecemos mais de 20 fatores e 12 genes.”
Para o futuro, a grande esperança são as pesquisas com células-tronco, estruturas versáteis capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo. O que se quer é usá-las para criar neurônios motores e implantá-los no lugar dos que estão “apagando”. Nos EUA, cientistas conduzem o primeiro estudo clínico daquele país para avaliar a eficácia de tais métodos e, no mês passado, anunciaram que, devido aos resultados observados nos três primeiros pacientes, tal procedimento é seguro. A cientista Svitlana Garbuzova-Davis, da Universidade do Sul da Flórida, estuda outra abordagem: testa o poder de frações de células tiradas do cordão umbilical onde estão contidas células-tronco. Elas são extraídas e injetadas em cobaias. Numa primeira etapa verificou-se a eficácia em ratos programados para desenvolver a doença, mas que não apresentaram sintomas. “Houve significativo retardo no surgimento e progressão dos sinais”, diz ela. Depois, em testes com animais que já manifestavam sintomas, constatou-se melhora no funcionamento motor.
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Há ainda um esforço mundial em busca de opções na área de medicamentos. Uma das drogas em estudo é o tamoxifeno, indicado para câncer de mama, mas que parece proteger os neurônios. A outra é a memantina, utilizada em portadores de mal de Alzheimer. Na Europa 15 centros iniciaram testes com 500 pacientes para verificar o desempenho da substância olesoxime, que atua na mitocôndria (central de energia das células), já que uma das muitas alterações que ocorrem na ELA é a degeneração dessa estrutura. O mesmo objetivo está sendo perseguido nos EUA pelo Massachusetts General Hospital Medical School, que analisa a performance de outra molécula (a KNS 760704) na proteção às mitocôndrias. Considerável parcela de pesquisadores volta-se também para os astrócitos, células em forma de estrela envolvidas na nutrição dos neurônios – se for possível fortalecê-las, ajudarão a impedir a sua destruição. “É uma aposta que pode ajudar a tratar a doença”, diz Sam Pfaff, cientista do Howard Hughes Medical Institute.
Outros grupos querem decifrar a gênese da ELA. Empenham-se em descobrir, por exemplo, as razões que levam à estranha agregação de proteínas sobre os neurônios, gerando-lhes uma toxicidade fatal. Na Inglaterra a cientista Jaqueline de Belleroche assegurou que “existe forte influência genética no desencadeamento desse mecanismo”. Também nessa mesma direção, a responsabilidade do sistema imunológico tem sido esmiuçada. “É o nosso novo alvo”, diz a geneticista Michal Schwartz, do Instituto Weiz­mann, em Israel. Ela concluiu que o mau funcionamento imunológico está associado à enfermidade. Hoje irre­mediavelmente fatal, como se vê a ELA se tornará com certeza uma doença tratável, já que renomados cientistas empenham-se em derrotá-la. É o sonho de suas vidas. É também o sonho que destruirá o pesadelo de quem padece de Esclerose Lateral Amiotrófica.
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domingo, 26 de agosto de 2012

Coluna


Uma grande parcela da população nos dias de hoje, convive com dores nas costas. A Organização Mundial de Saúde estima que aproximadamente 80% dos adultos sofrerão pelo menos uma crise aguda durante sua vida, e que 90% dessas pessoas apresentarão mais de um episódio.

É comum ouvir as pessoas dizendo que sua coluna está travada, ou seja, existem limitações para abaixar e pegar algum objeto, dificul



dade para subir escadas, sentar-se, entre outras atividades corriqueiras do dia a dia. É até óbvio dizer que esse cenário é resultante de má postura, sedentarismo, posições incorretas no ambiente de trabalho, durante os afazeres domésticos, execução errada de exercícios, obesidade, osteoporose entre outros fatores agressivos.

Mas, isto também pode ser atribuído ao fato de nossa evolução ter virado involução. O ser humano regrediu e sofre diretamente a consequências dessas mudanças de postura, literalmente falando. Nosso corpo foi concebido para se movimentar e não ficar parado ao longo do dia no escritório, passando horas à frente ao computador e televisão, na maioria das vezes de uma forma completamente errada. O ativo Homo sapiens, que tradicionalmente precisava movimentar-se para sustentar e até mesmo justificar sua existência, transformou-se no Homo sentadus, espécie que faz do telefone, controle remoto ou computador seu principal instrumento de sobrevivência, inclusive para pedir comida.

Filosofias a parte. A dor nas costas existe e precisa ser conhecida para ser evitada e combatida. Existem dois tipos de estágios diferentes de dores nas costas: a aguda e a crônica. A dor denominada aguda é aquela que surge repentinamente e tem sua duração limitada, geralmente tem função alertar o indivíduo da existência de alguma lesão ou disfunção geral no organismo, podendo ser um sinal de lesão na pele, nos músculos, nas vísceras ou no sistema nervoso central. Quando ela ocorre são liberadas substâncias que ativam os nervos periféricos e centrais para conduzirem o estímulo até a medula espinhal, onde a sensação dolorosa é modulada, e de lá para o cérebro a fim de avisá-lo que, em determinado ponto, existe um problema, levando a pessoa a adotar comportamentos com o intuito de afastar ou eliminar a causa da dor.

Já a dor crônica pode ter duração mais prolongada, até três meses. Dentre suas causas mais comuns encontramos as lesões traumáticas (contusões musculares), cólicas intestinais, a dismenorréia (cólicas menstruais), algumas cefaléias e as dores pós-operatórias ou relacionadas a infecções bacterianas (abscessos e furúnculos, otites, faringites, etc.).

Embora estejamos falando de um sintoma e não de uma doença, é preciso procurar um tratamento correto na primeira incidência. Afinal, uma simples dor nas costas pode evoluir para uma hérnia de disco. O tratamento varia de acordo com a causa da dor e, normalmente, envolve vários profissionais como médicos, fisioterapeutas e psicólogos.


O que faz um Fisioterapeuta na Emergência?



Esse é um questionamento cada vez menos incomum dos outros profissionais quando um fisioterapeuta adentra a uma sala de emergência.

Isso porque, no decorrer dos últimos 10 anos a inserção do fisioterapeuta nas unidades de emergência e urgência vem crescendo, ainda que de maneira modesta, mas ganhando um espaço que tende a crescer cada vez mais.


O mais importante no atendimento de um paciente que chega à emergência é a anamnese; sendo cada profissional, sendo ele enfermeiro, médico e fisioterapeuta, treinado a buscar dentro da sua área de conhecimento, os principais fatores que podem através de uma acurada análise diminuir os impactos do fator que propiciou a vinda do paciente ao serviço de emergência através da avaliação rápida e tratamento adequado.

Um exemplo seria um paciente que dá entrada ao serviço de emergência com crise convulsiva, o médico irá avaliar o quadro e prescrever a medicação necessária, o enfermeiro orienta sua equipe a procurar e realizar um acesso venoso e administração das medicações e o fisioterapeuta pode posicionar o paciente para prevenir a broncoaspiração, avalia a saturação periférica, verifica a necessidade de oxigênioterapia, caso haja necessidade escolhe a melhor maneira de ofertá-lo. Lembrando que essa é a primeira avaliação e atendimento, em um próximo momento haverá uma reavaliação e uma nova estratégia de tratamento da causa de toda a equipe novamente.

O processo de reavaliação-tratamento é dinâmico, essa característica é o que diferencia e muito o atendimento no serviço de emergência. Desconhecimento da causa e trabalhar sem o auxilio de exames em um primeiro momento, faz com que o profissional fisioterapeuta se torne um excelente avaliador de sinais e sintomas. É bastante comum na área ouvirmos: “Parece que esse paciente vai parar” ou simplesmente olhar um paciente que entra pela porta a dentro e apenas de olhar podermos falar “Esse paciente está parado”.

O mais importante do atendimento do fisioterapeuta na sala de emergência é tentar amenizar o quadro crítico e intensificar o atendimento fisioterapêutico já na sala de choque. Por exemplo, um paciente em LPA não deve aguardar estar em um setor de terapia intensiva para iniciar uma ventilação mecânica com estratégia protetora, ou um paciente séptico que evolua para SDRA deve iniciar o recrutamento alveolar já na sala de choque.

Essa é uma realidade dos hospitais públicos do Brasil, a necessidade de leitos de UTI, por esse motivo, muitos pacientes “evoluem” em piora do quadro ainda no serviço de emergência. Além disso, nos serviços privados existe com grande freqüência a necessidade do fisioterapeuta, que se desloca de outro setor, para a realização do atendimento de emergência no Pronto-socorro. Enquanto isso ocorrer o paciente estará privado de um verdadeiro atendimento fisioterapeutico, pois o mesmo requer avaliação, estratégia de tratamento e o tratamento em si.

Temos muito a contribuir na sala de emergência e urgência, basta nós mesmos nos prepararmos para isso, através da busca do conhecimento das particularidades dessa apaixonante área e reconhecermos em nós mesmos a capacidade de agregar nosso trabalho ao dos outros profissionais.

Profa. Ms. Viviani Lara

Verdades e mitos sobre a coluna vertebral


1º Praticar natação ajuda a corrigir escoliose?
Mito. A natação, por ser uma atividade simétrica, não pode colaborar na correção da curva escoliótica. Este exercício, além de trabalhar o fortalecimento muscular, promove o alongamento de forma equilibrada utilizando os dois lados com a mesma intensidade. Ao contrário do tratamento, que muitas vezes visa corrigir a escoliose com distribuições diferentes em cada lado da coluna, para equilibrar a cadeia cinética posterior. Além disso, algumas modalidades da natação, como borboleta e nado peito, podem prejudicar a coluna, gerando sobrecarga excessiva sobre a região.

2º Cruzar as pernas pode prejudicar a coluna?
Verdade. Claro que o hábito de cruzar as pernas, para as mulheres, é uma posição confortável, além de elegante, porém, é preciso ficar atento para não abusar deste hábito e prejudicar a saúde. Ao cruzar as pernas, a coluna vertebral se desvia para a esquerda ou para a direita, devido o desequilíbrio da região pélvica. Outro problema que pode ser ocasionado por este costume, além de prejudicar o fluxo sanguíneo, é a escoliose (desvio da coluna vertebral no plano frontal).

3º Dormir no chão – ou num colchão duro – é bom para as costas?
Mito. A rigidez poderá agravar, ainda mais, a contratura muscular. Durante uma provável crise de dor nas costas, a pessoa deve repousar em seu próprio colchão, podendo deitar-se de lado, com um travesseiro entre as pernas.

4º Cirurgia é a única saída para acabar com a hérnia de disco?
Mito. Hérnias de disco representam uma causa comum de dor nas costas. Mas não é a única. Ao identificar uma hérnia de disco, o médico, ortopedista ou neurocirurgião, deve estar atento para outros problemas na coluna que podem acompanhar essa condição. Desta forma, pesa na decisão do médico a associação com outras alterações e como elas se traduzem clinicamente. Além disso, a decisão deve ser baseada mais no prejuízo que a doença traz para o paciente em termos de perda de horas de trabalho e lazer, limitações físicas para as atividades do dia-a-dia e perda na qualidade de vida e menos no resultado dos exames de imagem. Diversos tratamentos podem aliviar o problema, entretanto, é sempre recomendável procurar um especialista antes de tomar qualquer decisão.

5º Todos que sofrem de dor nas costas devem realizar uma ressonância magnética?
Mito. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 80% das pessoas sofrem ou sofrerão de dor nas costas pelo menos uma vez na vida. Entretanto, o primeiro passo para combater este mal é procurar um especialista e descobrir as causas para solucionar de vez este problema.

6º Estalar o pescoço com o movimento da cabeça faz mal à coluna?
Verdade. Apesar de esse hábito propiciar alívio para alguns nunca se deve fazer isso. Estalar a coluna e o pescoço prejudica – e muito – suas articulações, além de causar, em alguns casos, dores de cabeça, zumbidos e vertigens.

7º Fumantes têm mais dores nas costas do que não fumantes?
Verdade. O cigarro, não faz bem a nenhuma parte do corpo humano, e em relação às costas, não poderia ser diferente. Os fumantes inalam mais substâncias tóxicas, sendo assim, prejudicam a circulação sanguínea no disco intervertebral, que pode causar mais dores na região.